Sobre o amor, pronunciado seu santo nome em vão, ou
trazido à pele – no êxtase do sentir -, a poesia configura
graus e intensidades do sentimento relacionado ao plural
de sua presença ou ausência. E, no verso, eclode o sentimento
do amor perdido. Pontua-se a ânsia do amor idealizado.
Fugidio. Encontrado. Erotizado. Sensual. Ou impossível
de cama e mesa. E tantos outros amores pontuam-se
num sem fi m de avanços do desejo e do afeto. E vai-se o
tempo. Dormem no passado os escritos sobre poesia. Só
a poesia não passa.
[…] Podemos dizer que, em Visitações ao amor, o tema
e o motivo convidaram os poetas aqui presentes a encontrar
uma pedra no seu acervo poético. Cada um deles,
entre vários estilos, rumos, ritmos, imagens, da forma fixa
aos versos brancos e livres, da isometria à heterometria,
encontrou o amor e seguiu caminho de um chamamento
inaudível, que agora envolve a leitura. Ao entreabrir-se
da poesia, tudo se revela etéreo e tátil, nos lugares e
instantes da linguagem dizendo imagens. Se, como foi
imaginado por Cecília Meireles, “A vida só é possível reinventada”,
penso numa transposição da vida ao amor.
Mirian de Carvalho