A guerra dita “da Ucrânia” abalou os cimentos das relações internacionais e da geopolítica mundial. Não são apenas as consequências (econômicas, sociais e políticas) do conflito bélico iniciado em fevereiro de 2022 as que extravasam o marco geográfico em que se desenvolve o sangrento conflito. Suas próprias raízes históricas se situam bem longe no tempo e bem além das razões imediatas invocadas pelos protagonistas principais das hostilidades. A ideia de um cenário mundial pacífico e favorável à continuidade da chamada “globalização” ficou definitivamente destruída com a explosão de um horizonte bélico que ameaça abranger a Europa oriental e central, e se estender internacionalmente em pontos tão distantes quanto o Mar da China, o Pacífico Sul e o Oceano Atlântico. Por trás dos exércitos combatentes, se desenham as sombras ameaçadoras da OTAN, comandada pelos EUA, e da provável primeira potência econômica mundial da segunda metade do século XXI, a China. Uma nova conflagração mundial, incluindo o possível uso de artefatos atômicos, está a caminho? Os textos contidos nesta coletânea, analisam esses e outros ângulos da crise mundial suscitada por um conflito bélico cujas vítimas fatais, civis e militares, já se contam às centenas de milhares. E visam suscitar, no Brasil, um debate necessário, no meio de uma crise em relação à qual nenhum país do mundo pode permanecer neutral ou alheio.