Em 1992, quase oitenta anos decorridos desde a morte do lógico, cientista e filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), sua obra não havia recebido, nem mesmo nos Estados Unidos, o reconhecimento merecido. Uma das razões para esse relativo descaso explica-se pela precariedade e desordem cronológica das antologias existentes, e que só puseram a público uma parcela mínima das 12.000 páginas de trabalhos publicados em vida e outras 90.000 inéditas que Peirce deixou ao morrer. Com base em pesquisas nos manuscritos originais e na bibliografia secundária mais atualizada, Lucia Santaella apresenta, neste volume, um panorama esclarecedor do conjunto da obra peirciana. Propõe, então, uma renovada aplicação da lógica filosófica de Peirce às investigações literárias, como modelo para aplicações similares em outras áreas do conhecimento. De maneira geral, o que se conhece da obra de Peirce fica quase sempre restrito a uma compreensão esquemática de suas tríades (ícone, índice e símbolo). Ao inserir a Lógica ou Semiótica Geral no contexto da Filosofia, e esta, por sua vez, no diagrama das ciências elaborado por Peirce, Lucia Santaella é capaz de localizar a analisar as posições ocupadas pelas mais diversas modalidades de teoria e de crítica literária, bem como da ficção e da poesia. Aguardada internacionalmente, nos anos 1990, A Assinatura das Coisas, continua com relevância a oferecer ao leitor, ainda hoje, um verdadeiro mapa de orientação pela espessa floresta da literatura, servindo também de guia para a obra rica e multifacetada de Charles Sanders Peirce.

Entre a rua e a calçada, entre o urbano e o selvagem, entre a negligência e a sobrevida: Bartholomew Feather é um ser que narra na encruzilhada.
Em suas reflexões, transita da observação do que se entende como humano à crítica audaz ao modo como esse ente vivo ergueu a partir de si uma máquina de classificações.
Como narrar desde a errância aparentemente vista na vida cotidiana de pombos? Como perceber a potência de uma ciência que venha das esquinas e das contradições? Em “A Máquina classificatória de humanidades: escritos excrementais”, Roberto Dalmo traduz as consequências de categorias centradas no humano em fenômenos como a educação, a arte, a tecnologia e a construção de saberes, a partir de uma filosofia da animalidade e de uma estética da desconstrução.
Na fronteira entre as ciências e a poesia sarcástica das ruas, o autor propõe uma maneira de ler o mundo que se aproxima da sarjeta, não para tirar a importância do humano em sua rede de relações, mas para que da lama ao caos surja um encontro entre universos que parecem distintos e distantes, mas que são no final das contas codependentes.
Olhar para o pombo que nos olha, como Jacques Derrida olhou para o
gato, como Donna Haraway olhou para o cão, como Gloria Anzaldúa olhou para a serpente, como Ailton Krenak olhou para a montanha. Ver nisso uma carta ao futuro, uma ideia para o que vem. É assim que saímos do voo irônico de Feather, com o desejo de nos desequilibrarmos para que outros mundos possam surgir.”
Francielly Baliana

O conhecimento transformou-se no principal fator de produção, na nova riqueza das nações. Trata-se, no entanto, de uma “mercadoria’ especial, que podemos dar, vender ou trocar sem ficar sem ela, e da qual não se deixa regular completamente nem pelas leis mercantis, nem pelas regras tácitas da circulação dadivosa. Não sabemos exatamente como atribuir valor ao conhecimento; um indício de tal fato pode ser o crescimento mundial da desigualdade econômica. Manuais que tratam do conhecimento como um ativo costumam reservar um espaço para o chamado “paradoxo do valor” : quanto mais ignorância, mais aumenta o mercado do conhecimento, ou mais diminui? Neste livro são reunidos alguns ensaios que examinam tais questões, aliados a outros que tratam de questões educacionais associadas. afinal, bens materiais podem ser distribuídos por decretos, mas no caso do conhecimento, o único caminho para sua distribuição é, sem dúvida, a Educação

Este livro de Flávia Bianchini nos apresenta a tradução comentada de uma parte de outra obra indiana, menos conhecida. Trata-se da Devi Gita – a canção da Deusa. A palavra sânscrita feminina gita significa canção ou cântico. Na tradição indiana, essa palavra é utilizada especialmente para descrever as obras que apresentam doutrinas filosóficas, espirituais ou religiosas que são expostas por um sábio ou por um ser divino, sob a forma de poema métrico, que pode ser recitado ou cantado. A mais popular das gitas é a Bhagavad Gita, na qual K???a, um avatara de Vi??u, instrui o guerreiro Arjuna sobre questões espirituais. Como a maioria das pessoas só conhece esse exemplo de gita, costuma-se fazer referência a ela como sendo “a gita”, quando na verdade é “uma gita”. Na Introdução do presente livro, a autora esclarece detalhadamente esse ponto.