Ainda durante o curso de sommelier percebi que, diante de todas as outras áreas que compõem o universo cervejeiro (como a produção, a harmonização, o serviço ou a tão amada análise sensorial), a história da cerveja ocupa, na maior parte do tempo, um discreto papel secundário. Essa menor atenção concedida ao tema se expressava, por exemplo, na baixa qualidade das informações que eu encontrava em livros e sites a respeito do assunto. Em primeiro lugar, era uma história da cerveja composta, na sua maior parte, pela repetição de afirmações, interpretações e tópicos que vem sendo reproduzidos acriticamente há muito tempo em livros, vídeos e sites. Repetições de afirmações como a de que “se bebia mais cerveja na Idade Média do que se bebe hoje porque a água não era potável” ou de que “a Lei Seca moldou o paladar dos norte-americanos, abrindo caminho para a disseminação da American Lager”. Que, pela sua ampla reprodução acabaram se transformando em verdades inquestionáveis. Quando, na verdade, muito pelo contrário, são afirmações que não encontram qualquer suporte documental Foi a minha insatisfação com a forma como era escrita a História da cerveja que me levou a produzir conteúdo sobre o tema, unindo formação de historiador à de sommelier de cervejas.