MEMORIA DE PROFESSORES E PROFESSORAS DE QUÍMICA

EFACIAR um livro de memórias, de vida social e vivências acadêmicas, por um professor que chegou nesta carreira por vias alquímicas não me pareceu uma tarefa fácil. Foi um desafio retroceder ao dia que cheguei em meus pais e disse “infelizmente não serei mais um farmacêutico bioquímico…, mas serei um professor de química”. Me recordo do olhar incrédulo do meu pai e do olhar vazio da minha mãe, afinal, eu estava caminhando para o último período do curso de Farmácia e a esperança de um filho “doutor” havia decantado. Era um sonho de infância trabalhar em um laboratório de análises clínicas, pois sempre fui fascinado pelos elementos celulares sanguíneos. Como pode existir entes tão simples (ironia) desempenharem funções de defesa, coagulação e transporte de gases? O gosto pelo universo sanguíneo veio de uma sessão cinema que tive na escola, ainda no ensino fundamental. A professora de Ciências passou o filme “Viagem Insólita” (Joe Dante, 1987), cujo enredo se baseia na miniaturização de um submarino que, acidentalmente, é injetado num corpo humano. Nesta viagem, dentro do corpo humano, o personagem principal, pi loto do submarino, é levado por todo o corpo humano por meio das artérias e veias. Foi fascinante. Foi incrível! Era isso que eu queria, conhecer o corpo humano por dentro, claro que não miniaturizado, mas por um microscópio. Voltando ao curso de Farmácia, aquilo não estava me parecendo empolgante. Havia algo ali que não estava dentro do roteiro que eu havia traçado. Minha trajetória começou a ser um reagente limitante logo no segundo ano quando assumi a monitoria de Química Geral e Inorgânica. Os monitores tinham um espaço próprio na universidade: uma sala (pequena) com lousa e carteiras. Eu tinha meus horários fixos e deveria cumprir 8 horas por semana. Naquele momento, minha primeira superfície de contato como “auxiliar do professor” foi o catalisador para uma série de reações (cognitivas), algumas coerentes e outras nem tanto: Se sou um “auxiliar de e para aprendizagem”, não seria necessário repensar uma maneira de ensinar meus colegas de modo que compreendam, e não decorem, os conceitos e conteúdos? Vejam: eu era apenas um aspirante a farmacêutico que nem sabia da existência P 10 MEMÓRIAS DE PROFESSORES E PROFESSORAS DE QUÍMICA de uma área de pesquisa chamada ensino de química que, naquela época, já estava em ebulição com publicações e eventos. Não foi apenas uma singular experiência em monitoria. Vários se mestres nesta função até que um dia a Professora Setsuko Sato (in memoriam) me chamou em sua sala e disse “Você deve ser professor! Você é bom nisso!”. Fiquei sem palavras, mas a semente saiu da dormência. A semente começou a germinar

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EFACIAR um livro de memórias, de vida social e vivências acadêmicas, por um professor que chegou nesta carreira por vias alquímicas não me pareceu uma tarefa fácil. Foi um desafio retroceder ao dia que cheguei em meus pais e disse “infelizmente não serei mais um farmacêutico bioquímico…, mas serei um professor de química”. Me recordo do olhar incrédulo do meu pai e do olhar vazio da minha mãe, afinal, eu estava caminhando para o último período do curso de Farmácia e a esperança de um filho “doutor” havia decantado. Era um sonho de infância trabalhar em um laboratório de análises clínicas, pois sempre fui fascinado pelos elementos celulares sanguíneos. Como pode existir entes tão simples (ironia) desempenharem funções de defesa, coagulação e transporte de gases? O gosto pelo universo sanguíneo veio de uma sessão cinema que tive na escola, ainda no ensino fundamental. A professora de Ciências passou o filme “Viagem Insólita” (Joe Dante, 1987), cujo enredo se baseia na miniaturização de um submarino que, acidentalmente, é injetado num corpo humano. Nesta viagem, dentro do corpo humano, o personagem principal, pi loto do submarino, é levado por todo o corpo humano por meio das artérias e veias. Foi fascinante. Foi incrível! Era isso que eu queria, conhecer o corpo humano por dentro, claro que não miniaturizado, mas por um microscópio. Voltando ao curso de Farmácia, aquilo não estava me parecendo empolgante. Havia algo ali que não estava dentro do roteiro que eu havia traçado. Minha trajetória começou a ser um reagente limitante logo no segundo ano quando assumi a monitoria de Química Geral e Inorgânica. Os monitores tinham um espaço próprio na universidade: uma sala (pequena) com lousa e carteiras. Eu tinha meus horários fixos e deveria cumprir 8 horas por semana. Naquele momento, minha primeira superfície de contato como “auxiliar do professor” foi o catalisador para uma série de reações (cognitivas), algumas coerentes e outras nem tanto: Se sou um “auxiliar de e para aprendizagem”, não seria necessário repensar uma maneira de ensinar meus colegas de modo que compreendam, e não decorem, os conceitos e conteúdos? Vejam: eu era apenas um aspirante a farmacêutico que nem sabia da existência P 10 MEMÓRIAS DE PROFESSORES E PROFESSORAS DE QUÍMICA de uma área de pesquisa chamada ensino de química que, naquela época, já estava em ebulição com publicações e eventos. Não foi apenas uma singular experiência em monitoria. Vários se mestres nesta função até que um dia a Professora Setsuko Sato (in memoriam) me chamou em sua sala e disse “Você deve ser professor! Você é bom nisso!”. Fiquei sem palavras, mas a semente saiu da dormência. A semente começou a germinar

Informações

Peso 435 g
Dimensões 1,5 × 16 × 23 cm
Editora

Idioma

Por

Data da Publicação

2023

Edição

Categoria

QUÍMICA

Disponibilidade

Disponível

Formato

Capa Dura